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Encontro Distrital e Entorno de Estudantes de Pedagogia
EDUCAÇÃO PARA ALÉM DA SALA DE AULA
10 de novembro de 2012
1. APRESENTAÇÃO
O
presente projeto traz informações e orientações pertinentes a realização e
organização do IV EDEEPe, a ser realizado no dia 10 de novembro de 2012,
sob o tema: “EDUCAÇÃO PARA ALÉM DA SALA DE AULA”; pretendendo reunir
estudantes do curso de graduação em Pedagogia e Pós-graduação em Educação, do
Distrito Federal e Entorno. Aqui detalhamos pontos indispensáveis como o
histórico do movimento estudantil, os objetivos do encontro, aspectos
organizativos e a programação do evento.
O
principal motivo para a realização do IV EDEEPe diz respeito à necessidade em
dar continuidade à organização do MEPe no Distrito Federal. O encontro abordará
a temática da Educação como fenômeno social amplo e os diversos espaços
formativos e de atuação docente na contemporaneidade.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O debate sobre o caráter da
educação, da formação e humanização dos sujeitos em meio social, e onde esses
processos podem ocorrer, traz suas raízes na modernidade e no surgimento de
instituições específicas que cumpram tal papel como a escola de educação básica
e a universidade. Apesar de todas as comunidades humanas se utilizarem de
recursos e meios diversos para a educação das gerações mais novas[1], são as
culturas e sociedades ocidentais que vão dissociar a educação do cotidiano
informal, e, através da autonomização e especialização, criar espaços
educativos (sob o controle estatal) e espaços ditos não-educativos, que inclui
espaços não-formais.
No mesmo sentido Tassinari (2009,
p. 9) ao discorrer sobre as múltiplas infâncias e o fenômeno moderno de
escolarização que gera a “criança-aluno” demostra que nas sociedades indígenas
as crianças “não são segregadas em espaços educativos, mas, bem ao contrário,
ocupam posições centrais e mediadoras da vida social”.
Tal visão moderna de educação
tende a delimitar os espaços educativos e não-educativos, espaços formativos e não-formativos,
e sim quando se deve aprender e ensinar, e qual o papel de cada sujeito. A
dicotomia entre mestres ealunos, formados e não-formados se formam, e todos
aqueles que escapam de tal ideal normativo são excluídos ou tem o direito
diminuído, impossibilitando a criação de uma educação intercultural e inclusiva.
Em nossa complexa sociedade do
século XXI os desafios da educação se ampliam, e o sistema educacional moderno
parece ameaçado pelo mundo cultural e de informações que se dissemina em todos
os espaços virtuais ou reais, sob a coordenação dos mais diversos sujeitos
antes sem visibilidade (jovens, crianças, idosos, trabalhadores, diversidades etc.).
O objetivo homogeneizador da educação moderna, exercida pelas instituições e
pelos especialistas, é enfim questionado o que força até mesmos os espaços
formais refletirem sobre as diversidades culturais e outras “educações” que
existem anteriores e fora dela. Pode-se perceber essa reflexão e início de
mudança de práticas e políticas educacionais em recente documento do MEC (2009,
p. 15) da série Mais Educação que aponta a necessidade de ampliar e articular
os diversos processos educativos de nossa sociedade:
A educação abrange diversas atividades sociais que
ocorrem em muitos espaços, na escola e para além dela. No entanto, é atribuída
à escola toda a responsabilidade formativa dos cidadãos, especialmente das
crianças e jovens. Sem dúvida, cabe à escola a sistematização do conhecimento
universalizado, mas o sucesso de seu trabalho em muito pode enriquecer-se ao ampliarem-se
as trocas com outras instâncias sociais.
As novas relações com o saber
exigem um novo olhar para a educação e seus limites e possibilidades. Segundo
Lévy (1999, p. 158), e na mesma direção dessa renovação sobre a concepção de
educação, é possível afirmar que:
O
saber-fluxo, o saber-transação de conhecimento, as novas tecnologias da
inteligência individual e coletiva estão modificando profundamente os dados do
problema da educação e da formação. [...] Devemos construir novos modelos do
espaço dos conhecimentos. A uma representação em escalas lineares e paralelas,
em pirâmides estruturadas por «níveis», organizadas pela noção de
pré-requisitos e convergindo até saberes «superiores», tornou-se necessário
doravante preferir a imagem de espaços de conhecimentos emergentes, abertos,
contínuos, em fluxos, não-lineares, que se reorganizam conforme os objetivos ou
contextos e nos quais cada um ocupa uma posição singular e evolutiva.
Tais espaços vêm se fortalecendo
desde o processo de redemocratização ocorrido em nosso país nas últimas décadas
e ganhando uma nova dimensão com o advento da cibercultura e das mídias e redes
sociais. Além disso, está presente no que se refere a políticas públicas esforços
no que tange a educação integral que incorpore saberes e espaços comunitários
(MEC, 2009)[2]
A educação não-formal, em tal
conjuntara ganha um novo destaque e evidencia-se como um âmbito importante para
a reformulação da educação de nossa era. Buscando uma definição mais fixa desse
conceito, concorda-se com Gohn (2006) quando esta define a educação não-formal
como
[...]
um processo com várias dimensões tais como: a aprendizagem política dos
direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitação dos indivíduos para o
trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de
potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os
indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução
de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem
aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do
que se passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em
especial a eletrônica etc.
Partindo do pressuposto ainda
atual anunciado por Paracelso no século XVI (apud MÉSZÁROS, 2008, p. 47) que “a aprendizagem é a nossa própria
vida, desde a juventude até a velhice, de fato até quase a morte; ninguém passa
dez horas sem nada aprender”, e de que precisamos ampliar a visão tradicional e
reducionista de educação e que “é na inconclusão do ser, que se sabe como tal,
que se funda a educação como processo permanente.” (FREIRE, 1996, p. 24),
os(as) Pedagogos(as) devem refletir e atuar sobre a amplitude do fenômeno
educativo, sua historicidade e atual conjuntura.
A ExDEEPe que a formação
não-formal do docente é desvalorizada pelos cursos de Pedagogia. As relações
entre a formação docente para além da sala de aula e as práticas pedagógicas
nesses espaços e nos próprios espaços formais são pouco trabalhadas se for
levado em consideração sua importância. A compreensão de educação e de formação
docente então se limitam, dificultando que a prática do futuro profissional
consiga articular espaços cada vez mais presentes e determinantes no fenômeno
educativo.
A formação extracurricular que os
espaços que não se limitam a sala de aula oferecem não são explorados ou
reforçados no meio acadêmico ou escolar, contribuindo para um distanciamento e
criando resistência da sociedade aos espaços não-formais, informais, e até
mesmo por práticas pedagógicas inovadoras e diferenciadas. Este fator ainda
contribui para a criação da apatia e desconhecimento da formação que estes
espaços trazem, pelos docentes, principalmente pelos debates sobre política.
As DCN’s – Diretrizes Nacionais
Curriculares para o curso de pedagogia aponta para uma formação profissional
apta para atuar em espaços formais e nã-formais, construída com base nas
diversas relações sociais. Porém, não reforça o incentivo para que as IES
forneçam e valorizem esses espaços. A DCN’s focam na formação da docência
centrada para a sala de aula, e em sala de aula., com ênfase na pedagogia das
competências, sem reforçar essa formação em espaços para além da sala de aula,
e para a própria atuação nesses “outros” espaços. Além disso, nós temos um
Plano Nacional de Educação, entre outras políticas que não fortalecem e nem
valorizam esses espaços na formação cidadã do sujeito social.
Sabemos que a educação é o meio
para a constituição de reflexões sociais que assumam identidades, dentro da
realidade a que o sujeito está vinculado, o permitindo se reconhecer como ser
social e político, que atua individualmente e coletivamente na sociedade. A
ação pedagógica fortalecida e complementada pelos espaços para além da sala de
aula, capacitam o docente para uma prática educativa intelectual, capacitada em
mediar o conhecimento com a formação consciente, e que rompe com os limites da
prática pedagógica tradicional e tecnicista. Afirmamos, então, que as experiências vivenciadas
nos espaços para além da sala de aula são para a vida pessoal do sujeito, que
pode ser dividida com outros, na medida em que ele vivencia o trabalho.
As
proposições conclusivas obtidas através do diálogo, debate e discussão, e da
troca inter e transdisciplinar levanta pelos diversos sujeitos e os seus
pertencimentos disciplinares envolvidos na atividade sinalizam a ligação
indissociável entre o ensino, a pesquisa e a extensão. As abordagens de cada
temática articulam orientações conceituais, as pesquisas empíricas e teóricas e
a prática investigativa e extensionista realizadas pelos executores e
participantes da atividade.
[1] Educação, segundo a clássica (e restrita) definição de
Durkheim (1978, p. 41): “ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações
que não se encontram ainda preparadas para a vida social”.
[2] Destaque para o programa Mais Educação no âmbito do PDE (2007), envolvendo vários
ministérios e as áreas de saúde, cultura, ciência e tecnologia, esporte,
desenvolvimento social, meio ambiente além da educação.
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