sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Projeto Oficial - IV EDEEPe

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Projeto do IV EDEEPe  
Encontro Distrital e Entorno de Estudantes de Pedagogia         
EDUCAÇÃO PARA ALÉM DA SALA DE AULA   
10 de novembro de 2012

    
1. APRESENTAÇÃO

O presente projeto traz informações e orientações pertinentes a realização e organização do IV EDEEPe, a ser realizado no dia 10 de novembro de 2012, sob o tema: “EDUCAÇÃO PARA ALÉM DA SALA DE AULA”; pretendendo reunir estudantes do curso de graduação em Pedagogia e Pós-graduação em Educação, do Distrito Federal e Entorno. Aqui detalhamos pontos indispensáveis como o histórico do movimento estudantil, os objetivos do encontro, aspectos organizativos e a programação do evento.

O principal motivo para a realização do IV EDEEPe diz respeito à necessidade em dar continuidade à organização do MEPe no Distrito Federal. O encontro abordará a temática da Educação como fenômeno social amplo e os diversos espaços formativos e de atuação docente na contemporaneidade.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O debate sobre o caráter da educação, da formação e humanização dos sujeitos em meio social, e onde esses processos podem ocorrer, traz suas raízes na modernidade e no surgimento de instituições específicas que cumpram tal papel como a escola de educação básica e a universidade. Apesar de todas as comunidades humanas se utilizarem de recursos e meios diversos para a educação das gerações mais novas[1], são as culturas e sociedades ocidentais que vão dissociar a educação do cotidiano informal, e, através da autonomização e especialização, criar espaços educativos (sob o controle estatal) e espaços ditos não-educativos, que inclui espaços não-formais.
No mesmo sentido Tassinari (2009, p. 9) ao discorrer sobre as múltiplas infâncias e o fenômeno moderno de escolarização que gera a “criança-aluno” demostra que nas sociedades indígenas as crianças “não são segregadas em espaços educativos, mas, bem ao contrário, ocupam posições centrais e mediadoras da vida social”.
Tal visão moderna de educação tende a delimitar os espaços educativos e não-educativos, espaços formativos e não-formativos, e sim quando se deve aprender e ensinar, e qual o papel de cada sujeito. A dicotomia entre mestres ealunos, formados e não-formados se formam, e todos aqueles que escapam de tal ideal normativo são excluídos ou tem o direito diminuído, impossibilitando a criação de uma educação intercultural e inclusiva.
Em nossa complexa sociedade do século XXI os desafios da educação se ampliam, e o sistema educacional moderno parece ameaçado pelo mundo cultural e de informações que se dissemina em todos os espaços virtuais ou reais, sob a coordenação dos mais diversos sujeitos antes sem visibilidade (jovens, crianças, idosos, trabalhadores, diversidades etc.). O objetivo homogeneizador da educação moderna, exercida pelas instituições e pelos especialistas, é enfim questionado o que força até mesmos os espaços formais refletirem sobre as diversidades culturais e outras “educações” que existem anteriores e fora dela. Pode-se perceber essa reflexão e início de mudança de práticas e políticas educacionais em recente documento do MEC (2009, p. 15) da série Mais Educação que aponta a necessidade de ampliar e articular os diversos processos educativos de nossa sociedade:
A educação abrange diversas atividades sociais que ocorrem em muitos espaços, na escola e para além dela. No entanto, é atribuída à escola toda a responsabilidade formativa dos cidadãos, especialmente das crianças e jovens. Sem dúvida, cabe à escola a sistematização do conhecimento universalizado, mas o sucesso de seu trabalho em muito pode enriquecer-se ao ampliarem-se as trocas com outras instâncias sociais.
As novas relações com o saber exigem um novo olhar para a educação e seus limites e possibilidades. Segundo Lévy (1999, p. 158), e na mesma direção dessa renovação sobre a concepção de educação, é possível afirmar que:
O saber-fluxo, o saber-transação de conhecimento, as novas tecnologias da inteligência individual e coletiva estão modificando profundamente os dados do problema da educação e da formação. [...] Devemos construir novos modelos do espaço dos conhecimentos. A uma representação em escalas lineares e paralelas, em pirâmides estruturadas por «níveis», organizadas pela noção de pré-requisitos e convergindo até saberes «superiores», tornou-se necessário doravante preferir a imagem de espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxos, não-lineares, que se reorganizam conforme os objetivos ou contextos e nos quais cada um ocupa uma posição singular e evolutiva.
Tais espaços vêm se fortalecendo desde o processo de redemocratização ocorrido em nosso país nas últimas décadas e ganhando uma nova dimensão com o advento da cibercultura e das mídias e redes sociais. Além disso, está presente no que se refere a políticas públicas esforços no que tange a educação integral que incorpore saberes e espaços comunitários (MEC, 2009)[2]
A educação não-formal, em tal conjuntara ganha um novo destaque e evidencia-se como um âmbito importante para a reformulação da educação de nossa era. Buscando uma definição mais fixa desse conceito, concorda-se com Gohn (2006) quando esta define a educação não-formal como
[...] um processo com várias dimensões tais como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica etc.
Partindo do pressuposto ainda atual anunciado por Paracelso no século XVI (apud MÉSZÁROS, 2008, p. 47) que “a aprendizagem é a nossa própria vida, desde a juventude até a velhice, de fato até quase a morte; ninguém passa dez horas sem nada aprender”, e de que precisamos ampliar a visão tradicional e reducionista de educação e que “é na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como processo permanente.” (FREIRE, 1996, p. 24), os(as) Pedagogos(as) devem refletir e atuar sobre a amplitude do fenômeno educativo, sua historicidade e atual conjuntura.
A ExDEEPe que a formação não-formal do docente é desvalorizada pelos cursos de Pedagogia. As relações entre a formação docente para além da sala de aula e as práticas pedagógicas nesses espaços e nos próprios espaços formais são pouco trabalhadas se for levado em consideração sua importância. A compreensão de educação e de formação docente então se limitam, dificultando que a prática do futuro profissional consiga articular espaços cada vez mais presentes e determinantes no fenômeno educativo.
A formação extracurricular que os espaços que não se limitam a sala de aula oferecem não são explorados ou reforçados no meio acadêmico ou escolar, contribuindo para um distanciamento e criando resistência da sociedade aos espaços não-formais, informais, e até mesmo por práticas pedagógicas inovadoras e diferenciadas. Este fator ainda contribui para a criação da apatia e desconhecimento da formação que estes espaços trazem, pelos docentes, principalmente pelos debates sobre política.
As DCN’s – Diretrizes Nacionais Curriculares para o curso de pedagogia aponta para uma formação profissional apta para atuar em espaços formais e nã-formais, construída com base nas diversas relações sociais. Porém, não reforça o incentivo para que as IES forneçam e valorizem esses espaços. A DCN’s focam na formação da docência centrada para a sala de aula, e em sala de aula., com ênfase na pedagogia das competências, sem reforçar essa formação em espaços para além da sala de aula, e para a própria atuação nesses “outros” espaços. Além disso, nós temos um Plano Nacional de Educação, entre outras políticas que não fortalecem e nem valorizam esses espaços na formação cidadã do sujeito social.
Sabemos que a educação é o meio para a constituição de reflexões sociais que assumam identidades, dentro da realidade a que o sujeito está vinculado, o permitindo se reconhecer como ser social e político, que atua individualmente e coletivamente na sociedade. A ação pedagógica fortalecida e complementada pelos espaços para além da sala de aula, capacitam o docente para uma prática educativa intelectual, capacitada em mediar o conhecimento com a formação consciente, e que rompe com os limites da prática pedagógica tradicional e tecnicista. Afirmamos, então, que as experiências vivenciadas nos espaços para além da sala de aula são para a vida pessoal do sujeito, que pode ser dividida com outros, na medida em que ele vivencia o trabalho.
3. RELAÇÃO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
As proposições conclusivas obtidas através do diálogo, debate e discussão, e da troca inter e transdisciplinar levanta pelos diversos sujeitos e os seus pertencimentos disciplinares envolvidos na atividade sinalizam a ligação indissociável entre o ensino, a pesquisa e a extensão. As abordagens de cada temática articulam orientações conceituais, as pesquisas empíricas e teóricas e a prática investigativa e extensionista realizadas pelos executores e participantes da atividade.


[1]           Educação, segundo a clássica (e restrita) definição de Durkheim (1978, p. 41): “ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social”.
[2]           Destaque para o programa Mais Educação no âmbito do PDE (2007), envolvendo vários ministérios e as áreas de saúde, cultura, ciência e tecnologia, esporte, desenvolvimento social, meio ambiente além da educação.

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